Precisamos Falar Sobre... Padrões Inalcançáveis

Quem nunca se sentiu meio deslocado, meio fora de forma, como se não se encaixasse em um determinado lugar, num determinado grupo? Bom, acredito que todo mundo algum dia já se sentiu assim. E faz parte. Somos seres sociais que buscamos a todo momento sentir que fazemos parte de um todo, é algo que herdamos dos nossos ancestrais, essa vontade de estar numa matilha.

É normal.

Até o momento em que esse sentimento passa a ser rotineiro e não parece mais que irá passar.

E aí é que caímos naquela velha ladainha de que devemos nos encaixar num padrão, que devemos ser de uma determinada forma, de que devemos nos apresentar ao mundo daquele jeito já pré-estabelecido.

Isso é algo tão forte que hoje gera capital, isto é, dinheiro. Não acredita? Basta olhar as revistas, sites de fofocas, filmes, séries, novelas e qualquer tipo de mídia que você verá todo tipo de marketing, todo tipo de produto "milagroso" que promete te mudar e te fazer ser lindo, atraente, aceitável.

E é por conta disso que Precisamos Falar Sobre Isso!

É tão comum ligar a televisão e encontrarmos centenas de produtos que nos prometem um novo "eu". Menos gordura, barriga chapada, pernas torneadas, cabelos sedosos, bumbum arrebitado, peitos durinhos, pele macia e etc.

É tanta coisa, tanta regra que até mesmo nos sentimos bombardeados com isso. Nos sentimos mal.

Já vou avisando que não vejo nada errado em alguém se cuidar e querer mudar sua aparência, cada um é dono do seu corpo e já está comprovado que cuidar do exterior ajuda a cuidar do interior. Isto é, quanto melhor você se sentir exteriormente, melhor você estará interiormente.

Não estou aqui para condenar ninguém pelos seus hábitos. Se te faz bem e não fere ninguém, que mal tem?

O que acontece é que somos tão exposto a esse tipo de coisa que passamos a acreditar que não somos bons o suficiente, que não somos bastante para ninguém.

Começamos aí um ciclo onde o foco é condenar algo nosso, que anteriormente definia a nossa identidade, mas que agora não passa de inconveniente, para tentar mudar à todo custo. Se fracassamos, nos sentimos piores, se temos sucesso o nosso foco vira outro.

E ficamos presos nesse ciclo de julgamento, de sentimentos negativos e obsessões.

Parece que sempre tem esse padrão inalcançável que tentamos, tolamente, nos encaixar, mas não conseguimos. Até porque como iremos nos encaixar num padrão que sequer é real?

Ninguém é daquele jeito que vemos constantemente nas revistas.

É um trabalho árduo, mas devemos nos lembrar sempre que tudo aquilo é fruto de editores fotográficos, de iluminação, de truques e que aquelas pessoas são tão normais como nós somos. Que elas ás vezes se sentem mal quanto às suas aparências, que tem dias ruins, que tens defeitos que também tentam esconder.

E tudo bem.

Somos seres humanos. Somos passíveis de erros. Somos imperfeitos.

E é aí que está a maravilha disso tudo. Como somos imperfeitos, podemos sempre mudar, sempre tentar melhorar. Aceitar que a imperfeição não é algo exclusivamente nosso, então por que se machucar por conta disso?

Corpos magros não deveriam ser nossas metas, mas sim corpos saudáveis. Corpos felizes.

Temos que aprender a nos livrar dessas amarras, desses moldes que não nos cabe. Somos grandes demais para cabermos num simples padrão, numa simples caixa, que sequer se preocupa com nossos sentimentos, com quem realmente somos.

Somos mais que rostinhos bonitos. Somos mães, pais, amigos, filhos, amantes, namorados, maridos e esposas. Somos alguém.

Eu não caibo num simples padrão. Eu sou muito mais além do que isso.