{Precisamos Falar Sobre} Janeiro Branco

Olá amoras, como vocês estão? Eu espero que estejam todos bens e dispostos a debatermos um pouco nesse sábado pra lá de ensolarado. Pelo menos aqui na minha terrinha, não sei como está aí, seja lá onde "aí" seja.

Mas vamos deixar de enrolar porque o tema hoje é sério e necessário. Vocês já devem ter uma ideia do vou falar hoje pelo título desse post, mas antes que os escudos sejam ativados, peço que relaxem e aproveitem.

Vamos lá?

Levante a mão quem aqui já ouviu falar sobre Janeiro Branco. E Outubro Rosa? Novembro Azul? Pois é, não querendo comparar, mas já comparando, quando a conversa é sobre saúde física a atenção e a divulgaçõe$ são beem maiores. Mas basta a gente falar sobre saúde mental que a coisa muda. E por quê? O que nos bloqueia a falar de algo tão importanto quanto?

Todo início de ano a gente se pega pensando e traçando metas. Eu mesma já tracei as minhas metas literárias, devo admitir. Mas geralmente, quando pensamos em metas, pensamos em cuidar mais da nossa saúde física, fazer uma dieta, deixar o sedentarismo, nos matricular em algum curso, ir atrás do tão sonhado emprego, arranjar um namorado(a) e afins. Mas é bem raro alguém colocar na lista fazer terapia, por exemplo. E isso é algo que precisamos nos atentar.

Eu sou suspeita a falar sobre isso, já que eu faço psicologia, mas não é por isso que esse assunto deixa de ser válido.

A gente precisa falar sobre como cuidamos da nossa saúde mental, até para preservar a nossa saúde física. Estranho? Mas também não é estranho quando você se estresa e acaba com uma dor de cabeça que simplesmente não passa? E quando você anda nervoso e preocupado e sua imunidade baixa ponto de você estar sempre gripado ou resfriado? Ou quando você teve um mês pra lá de cansativo no trabalho e começa a sentir dores das costas ou coluna que não tem massagem que te prive disso?

Pois é. O nosso psiquico reflete no nosso corpo. E precisamos ficar atento, uma vez que isso não se limita a doenças menores ou desconforto, mas também podem desenvolver transtornos psiquiátricos e doenças crônicas.

Mas é difícil falar sobre esse tema, eu sei, ainda mais quando fomos ensinados desde pequenos a reprimir as nossas emoções. "Engole o choro." "Não reclama sem 'motivo'" "Menino não chora" "Menina não grita" "Bota um sorriso nesse rosto, garoto." "Não me importo se você não gosta, você vai fazer sim!"

Fomos treinados e condicionados a sermos "educados" e não falar ou expressar tudo que pensamos e sentimos. E assim começamos a ignorar nossas emoções. Engolimos o choro, fingimos sorrisos e gentilezas, ignoramos a raiva e o desconforto. Não digo que devemos ser totalmente "sensíveis" e responder com intensidade tudo aquilo que sentimos. Mas é preciso olhar para nossas emoções e, mais que isso, entender o porque nos sentimos assim.

O que me deixa feliz? O que me provoca o choro? Em que situação fico com raiva? O que me gera medo?

Mais que isso, o que ando evitando falar?

Porque sabemos que existem alguns assuntos desagradáveis que evitamos falar. Ou porque nos traz tristeza, ou frustração, talvez raiva? 

Todavia, precisamos prestar atenção ao que se passa e no que sentimos. Numa forma de cuidar de nós mesmos, de zelar não pela paz, mas pela harmonia e compreensão. A ideia não é que sejamos felizes o tempo todo. Uma tolice que não é possível. Mas estarmos bem conosco e entender que nem sempre estaremos satisfeitos e que tudo bem. Nem sempre estaremos bem e isso é normal.

Mas voltemos a terapia, ato que eu considero necessário não somente como tratamento, mas também como prevenção e, claro, autoconhecimento. É preciso parar e analisar as nossas ações e, principalmente, as nossas reações. Como eu reajo com a frustração, por exemplo? Com a perda? Com a solidão? Eu fujo ou enfrento?

Terapia é a chave. Eu costumo falar que todos nós precisamos. Até por que, quem não gostaria de falar sobre seus assuntos mais obscuros sem receber julgamentos em resposta?

O Projeto Janeiro Branco já está no ar há quatro anos, mas é necessário que haja mais divulgações e mais debates sobre isso.

Afinal, o que você faz pra cuidar de si mesmo? Como você lida com o seu emocional?