Antes de qualquer coisa, quero deixar explicito que além de spoilers, vocês podem se deparar com temas bastante delicados que possam ser gatilhos para vocês. Então se você se sente incomodado com temas como relacionamento abusivos, por favor não leia esse post. Vão para outro mais descontraído. Dito isso, vamos começar?
Eu já falei um pouco aqui sobre Confesse, um dos livros que li agora em abril e que me apaixonei pelos personagens e por todo o seu enredo, tão delicado e que aqueceu o meu coração. Aliás, estou devendo uma resenha a vocês. Mas o que eu não falei aqui foi sobre o quanto ele chega a profundo e como ele trata assuntos delicados, como o conceito de família e o relacionamento abusivo.
Em Confesse, conhecemos a história de Auburn, uma mulher que foi mãe as 15 anos e perdeu o grande amor da sua vida na mesma época. Duas coisas que podem impactar e muito a vida de uma pessoa e, vivenciá-las ao mesmo tempo, fez com que a pequena Aurbun sofresse demais. Jovem, sem muita maturidade, ela acaba precisando da ajuda da sua sogra que acaba lhe convencendo que o melhor para essa criança que vem vindo é que uma pessoa mais velha e madura tivesse sua guarda. Alguém como ela. E é aí que as coisas se complicam.
Enquanto ainda é menor de idade, Auburn vive na casa da sogra junto com seu filho, mas ainda assim toda a educação era dada pela mulher mais velha, com a desculpa de que ela já era mãe e sabia como criar uma criança. Sendo bastante jovem, Auburn concorda, mas sente-se incomodada com isso.
As coisas complicam mesmo quando Auburn se torna adulta e tenta reivindicar seu local como mãe, sendo impedida pela sogra que colocava vários empecilhos para que isso aconteça. É aí que começa uma pequena guerra.
Várias coisas acontecem, que não valem muito a pena serem mencionadas aqui. Mas um dos pontos altos da história, que mais me impactou, é quando Auburn, agora adulta e com mais maturidade, se vê dentro de um relacionamento abusivo apenas para conseguir ficar mais perto de seu filho.
É muito triste falar e perceber isso, entender como muitas mulheres acabam se tornando extremamente vulneráveis e, consequentemente, suscetíveis a um relacionamento abusivo por serem mães. Por quererem estar perto de seus filhos e protegerem.
Esse livro, apesar de não tratar especificamente sobre isso, nos lança luz sobre como tantas mulheres se veem presas em relacionamentos extremamente abusivos e tóxicos e não conseguem sair, ou porque dependem financeiramente do marido, ou porque teme que esse, enraivecido pela separação, faça mal não somente à ela como também aos seus filhos.
Recentemente, saíram as estatísticas de feminicídio em 2019, acusando um aumento de 7,3% desses casos. Para quem não está familiarizado com o termo, feminicídio é todo homicídio que for motivado pelo simples fato da vítima ser do sexo feminino. Ou seja, mulheres que morreram por serem mulheres. Geralmente nesses casos, o culpado é alguém próximo da vítima, como um namorado, ex ou marido. Em números absolutos, foram 1.314 novos casos de feminicídio de 2018 a 2019. Em média, uma mulher é morta por feminicídio a cada 7 horas.
Por que eu estou falando sobre isso? Porque, pelo que tudo indica, esses números podem ser ainda maiores ano que vem. Isso porque, devido a quarentena e as vítimas terem que conviverem 24 horas com seus potenciais assassinos, os casos de agressão e feminicídio vem aumentando e se tornando cada vez mais frequente. Hoje mesmo, há alguns minutos, um canal de tv noticiou que um delegado é suspeito da morte da própria mulher. Um delegado, um oficial, alguém que deveria proteger a população. Irônico não?
Casos como esse se repetem todos os dias e é muito triste e angustiante, especialmente sendo mulher. Nunca sabemos se, ao sairmos de casa, retornaremos vivas. E agora as estatísticas nos mostram que nem é preciso que estejamos fora de nossas casas, afinal o perigo pode estar ao nosso lado e nos chamar de amor.
A minha intenção com esse post foi exclusivamente lançar a luz a esse tipo de violência e, mais do que isso, compreender como esses casos começam. Sabemos que dificilmente o agressor se mostra assim no começo do relacionamento. Afinal, todo começo de namoro é um mar de flores. O complicado mesmo é quando nos deparamos com espinhos que, provavelmente, possa nos levar a morte.
Por isso acredito que devemos falar sobre isso, debater esse assunto incansavelmente. Mas não somente isso, precisamos dobrar as mangas e irmos a luta. Precisamos de mais justiça!
Se você mulher passa por isso ou conhece alguém que passa, saiba que esse não é o fim. Além do canal já conhecido para denúncia (180 ou 100), conheci recentemente uma organização que tem como objetivo acolher e auxiliar mulheres que passam por esse tipo de situação. Clique aqui para saber mais.
Eu espero que, sinceramente, esse post tenha lhe auxiliado de alguma forma. E obrigada por terem acompanhado o post até aqui. A gente se fala nos comentários.
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