{Projeto Escritor} Por que escrevemos o que escrevemos?

Por que escrevemos o que escrevemos?

Se você escreve, eu tenho certeza que pelo menos algumas vez essa pergunta te colocou contra parede. Não se trata apenas de uma indagação sobre o motivo que nos tornamos escritores, vai mais além disso.

A primeira pergunta pode ser respondida facilmente depois de algum momento de reflexão. Escrevemos porque... necessitamos. Escrevemos porque os dias são cansativos e as noites longas demais. Escrevemos porque queremos curar uma ferida há muito não cicatrizada. Escrevemos porque queremos inventar novas personalidades, sermos quem bem quisermos. Escrevemos porque o tédio nos impulsiona.

Enfim... existem infinitas respostas à essa perguntas. Mas por que diabos escrevemos o que escrevemos?

Por que você escreve romance? Por que se atreveu no terror? Por que se prendeu ao suspense? O que te leva a escrever o que você escreve?

E esses personagens, de onde vieram? De que planeta saíram tais ideias? O que te faz escrever o que você escreve?

É preciso ter calma para por fim nos refletir sobre essa questão. Seria a resposta algo que me traria alívio e paz, ou algo que me perturbaria ainda mais? Não sei.

Eu me fiz essa pergunta já há algum tempo, quando meu estilo de repente mudou. Quer dizer, não tão de repente, na verdade lentamente, mas tão devagar que eu sequer percebi. Apenas quando estranhei o produto final é que me dei conta. A maioria das mudanças ocorrem assim. De forma silenciosa.

Eu costumava inventar histórias mirabolantes, sobre garotas que se pareciam comigo, ou com quem eu desejava ser, mas me via impedida de me comportar de tal modo. Eram fantasiosas e engenhosas histórias, isso eu não posso negar. Mas de alguma forma, imaturas e tolas, assim como eu também era.

E eu era da prosa.

Eu amava narrar detalhadamente cada cenário, cada detalhe dos personganes. Gostava de fazer isso de uma forma semelhante ao suspense, uma vez que a espera para a próxima fala se prolongava enquanto eu descrevia a cena que queria contar.

Hoje isso mudou.

Eu sou da poesia agora.

E parece um pouco estranho de sem imaginar, já que nunca houve sequer uma estrofe nesse blog. Algumas coisas merecem ficar mais escondidas, outras simplesmente ainda não souberam a hora de se revelarem.

Mas por que diabos eu escrevo poesia?

Eu demorei para achar a resposta para essa pergunta, apesar de ela ser ridícula de tão óbvia. Mas, digamos que um coração partido tem a ver com essa história.

Eu escrevo poesia porque a alma pesa
e o coração só sossega
quando eu me deixo derramar.
Eu escrevo poesia porque a noite não acelera,
a insônia é vera
e eu necessito desabafar.
Eu escrevo poesia porque ainda não acharam
jeito mais simplório
de me amar.

A poesia é o nude da alma.
É a calma e ao mesmo tempo a euforia
que me incendeia como fogo na palha
e me alivia como a brisa do mar


Viu?

Por que você escreve o que você escreve?

Seria para se vingar de algum desafeto. Para declarar algum amor não resolvido. Para aliviar o tédio. Para enfrentar a insônia. Para refazer o mundo que quando criança você tanto desejou. Para enfrentar um medo há tanto escondido e nada superado. Para refazer os melhores dias da sua infância. Ou para se vingar daquela criança pentelha que vivia a te irritar.

Como escritores, amadores ou profissionais, precisamos nos perguntar o que nos impulsiona, o que nos motiva a sermos quem somos. O que nos incentiva.

Como ser humanos, precisamos saber da resposta do que nos faz sermos quem somos. O que te faz escritor? O que te faz escrever o que você escreve?